Thursday, April 05, 2007

Ou de como Lúcifer está sempre a aparecer. Versão 2007 da mesmoa história



(imagem de Marcel Duchamp)

o dia começa com a ressaca do dia anterior. estou um pouco bêbedo. a mulher de lúcifer decide alimentar o seu amo com uma voz diferente do habitual, uma mistura de acrílico e sânscrito. não me faço entender, pois não? julgas que com essas falinhas mansas consegues abrir com um funil o meu estômago? joga antes com a minha cabeça, faz um jogging comigo aqui. já sei que no inferno não há camas. mas há outras formas de se rir. talvez possa dar um arroto. lúcifer decide tocar cítara para os peixes. tubarões, baleias, taínhas do tamanho dos himalaias juntam-se à festa. acendem a luz e começa a rave. muita gente dança e grita porque gente desta não sabe cantar. e, mesmo que soubesse, teria a voz da Diamanda Galas a cantar o vitinho. a não ser que tenham tomado 60% de afrodisíaco. fumar mata apenas quando cantamos à terra do inferno. porque é que tens a voz como Gengis Cão. auf. auf. auf. morde-me os maxilares e rompe-me a boca. talvez o meu dente do siso nasça entretanto o que, pela história do mundo, talvez não aconteça. nunca tive juízo nenhum, e se alguma vez o tive, foi quando sabotei os cabelos dos patrões. o grande capital do céu! Eh la anjos com óculos de retaguarda a olhar os rabiosques das princesas! Eh la TGV entre o purgatório e o monte das oliveiras! Mais parece que estamos todos malucos, com uma grande trip de LSD sempre que cantamos. Devil In The Sky With Diamonds. J Pimenta for ever! E um pedaço de espumante a sair dos copos, vários sinos, vai sair a última rodada. Pareces uma galinha quando trazes as bebidas. Então, não as trago. Deixo-as estar debaixo dos teus cornos. está bem. Passa-me aí o detergente para as pulgas. Já estou farto de te ouvir. Se te ouvir, fica um demónio a menos e fico só eu a mandar.talvez, mas não ponhas a língua demasiada de fora porque então em vez de comermos línguas de gato passávamos a comer línguas de belzebu. se pudéssemos rir das nossas desgraças, dava-te uma árvore de graça e divertia-me com ela. em vez de a fazer nascer, invertia o tempo e deixava-a andar para trás. como tu tombas quando vais para a porta tocar acordeão com o napoleão. já estou farto desse gajo. e pára de martelar nos meus cornos como se fosses o anjo rafael.

Jorge Vicente

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

muito bom, parabéns

11:51 PM  

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