Sunday, March 11, 2007

Meditações Sobre Duarte Lobo

uma linha. duas. o choro. a tentativa de choro. esquecer-me que sou uma linha misturada numa infinidade de outras. o rebento.

descobrir um aglomerado de frases numa única sílaba. o requiem. a canção dos mortos. o estremecimento dos vivos quando me deixo escrever. a mão esquerda.

o coração entre as palavras
o embrião
a palavra nascida
do ventre

o risco

a serpente no início do corpo
a origem

o sentido que não passa por mim,
mas que é em mim
nos cantos da casa

o anjo

Jorge Vicente (1)

(1) Este poema foi baseado num exercício que fiz sexta-feira à noite. Ele consistia em desenharmos algo com a nossa mão não dominante, no meu caso, a mão esquerda. Tudo ao som de música (cantos tibetanos ou gregoriana) e com os olhos fechados. No final do exercício, deveríamos descrever a nossa experiência através de palavras. Eu apenas escrevi um poema.

Duarte Lobo foi um compositor português do século XVII. A obra que acompanhou o meu exercício foi o Requiem.

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