Glorificatio
(fotografia de Cindy Sherman, "Film Still Nº 26", 1979)
escrevo num acto de sangue, uma ferida aberta que escorre antes do tempo, um baptismo, a ferocidade da água alimentando entranhas, poros, entranhas, uma parede fechada por fora ---------------- sem fim, o som ausente repercutindo-se através do ar, ondas de rádio, paredes de água fechando e abrindo, a criação do mundo ------------------- o som fica lá fora, abaixo da parede que envolve os cabelos, sou uma muralha de som deixada ao acaso. só ficarás tu. e o teu antigo deus que, de manhã, abriu os braços e levou-te à praia ---------------- os olhos são uma torre de areia levantada, um farol na brisa da tarde, segues a multidão, e és cega, e és uma torre, um pedaço de areia adormecida,
fica talvez a pedra,
sempre fica alguma coisa de tudo o resto que se perdeu,
e levantou ----------------
e se perdeu,---------------
e se levantou novamente sem se transformar.
nada se transforma quando se glorifica o espaço entre as vírgulas,
nada se transforma quando nada fica,
escrevo num acto de sangue,
e tudo o resto é uma nuvem deixada ao acaso
Jorge Vicente
1 Comments:
Existem feridas que se curam com o próprio tempo,então surge um acaso...perdido num rasto.
Boa semana
Bjs Zita
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