Tuesday, March 06, 2007

Para ti, Amizade...


Nas voltas, contravoltas e rodopios, em espaços fechados, demasiado exíguos ou estanques para vermos as suas paredes desabarem, é possível encontrar um fragmento de esperança…
Uma lâmpada de voltagem constante, pendurada num tecto de relento e desânimo.
No abandono que sussurram as ruínas, edifica-se uma fé renovada, plena de tudo o que nos pertence, porque jamais perecera aos achaques do tempo.
São afinal, módicas peças de um mundo maior, que nos envolve numa melosa segurança, que desdobra o agora em infinito.
Detém-se então, a cadeia das demoradas e redundantes dúvidas existenciais, para dar lugar, à ciência dos afectos dedicados e tantas (demasiadas!) vezes relegados, para planos menores.
Daquela luz emana o brilho, do que soubemos dar e hoje o Universo nos devolve, em tragos de uma ambrósia divinamente humana.
E o Amor tem tantas faces quanto as luas da Vida, tantos dias, quanto viagens pela memória, tantos recantos, quanto rotinas condenadas …tem tudo isso e o que mais desconhecemos, pelo compromisso que temos, para com o engano e o esquecimento.
Poderemos alguma vez homenagear com dignidade, esta abnegação que nos acolhe, numa vereda de caos e despropósito?!
Chegas sem sequer chamar por ti, estás tão perto que te sinto o calor da entrega, a tua harmoniosa vitória edificada em mensagens subliminares.
Na legenda de imagens eternas, desenham-se as palavras de conforto dos que escancaram a janela do curriqueiro, para preencherem as ranhuras dos desamores alheios.
E poderia continuar a colocar-te num simples pedaço de papel, mas prefiro sentir-te no murmúrio do ontem e no grito do agora e ainda no apelo desmesurado do depois, que paulatinamente se transforma, num auspicioso amanhã.
Esta é a minha singela homenagem a ti, Amizade, o amor dos amores.


Filipa Larangeira

1 Comments:

Blogger Unknown said...

e é mesmo o amor dos amores. gostei muito do texto, filipa.

"no abandono que sussurram as ruínas"

um abracinho
jorge

2:33 AM  

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