Tuesday, November 21, 2006

a EMA já saiu de dentro da sua mamã!! PARABÉNS

esplanada sobre o mar (monte estoril)

foi o turner que pintou estas nuvens no céu,
um grande cargueiro parece uma cidade na água
um desportista gordo de meia idade corre
a música é horrívelmente melosa

ao longe vêem-se tracejados de chuva
enviesada e com risquinhos paralelos,
tira-linhas a tinta da china
no horizonte

as gaivotas circulam num cilindro de ar
uma onda bateu agora mais vigorosa no molhe
pessoas com mau aspecto passam
o mar é formidável, e será sempre
formidável

o chão é de lajes de calcáreo
nele transeuntas pelo passeio marítimo
ao longe o cabo espichel
aparece magnético no mar
como uma barra de íman
a polarizar as nuvens em torno

as nuvens carregam-se vindas do norte
deve estar para aí a chegar
uma valente bátega

(um cão olhou para mim
e continuou caminho)


Wednesday, November 15, 2006

LAICA NO ESPAÇO [NOVEMBRO]
O QUE SE PODE VER NO
ESPAÇO
NO PRÓXIMO FIM DE SEMANA:

Até quinta-feira, dia 16
EXPOSIÇÃO
GRANDES DESASTRES HISTÓRICOS [UMA ANTOLOGIA]
com trabalhos de
JOSÉ FEITOR, LARS HENKEL, JOANNA LATKA, LUCAS BARBOSA, MINA ANGUELOVA, JUCIFER, ANA MENEZES, TERESA AMARAL, LUÍS HENRIQUES, PEDRO ZAMITH E
FILIPE ABRANCHES

horário da exposição de 5ª a sábado | 20-24H
Na sexta-feira, dia 17
INAUGURAÇÕES:
QUE INFERNO!
com trabalhos de
MIGUEL CARNEIRO, MARCO MENDES, NUNO SOUSA, JANUS, CARLOS PINHEIRO E MAURO CERQUEIRA

O SOL DERRETE TUDO E AS MONTANHAS SÃO REDUZIDAS A QUASE NADA
individual de
JOÃO MAIO PINTO

PINTURA MURAL
com
MIGUEL CARNEIRO, MARCO MENDES E MAURO CERQUEIRA
a partir das 19 H | banca de zines e animação | entrada gratuita

No sábado, dia 18
CONCERTO
MAD LYNN
às 18 H | entrada: 3,5 €

toda a programação da Laica no Espaço em
www.espacoespaco.blogspot.com

e s p a ç o - centro de desastres
Rua Maria Andrade, nº5 ... (**351) 96 906 87 00 ... espaco.lx@gmail.com ... Eléctrico: nº28 - Metro: Linha verde, estação Anjos (saída Sul)

Monday, November 13, 2006

movimento de subducção

no silêncio e sossego
do meu quarto
não tenho febre
e escrevo

um edredão de espirais verdes
uma caneta de escreve fluidos,
as minhas estas paredes
que eu pintei um dia
de artes plásticas

a amurada de livros protege-me
na cama-barco que navego sonhos

o ar tão quadrilátero e arrumado
as reticências da minha sonolência
os pensamentos de subducção,
os rochedos que recordo praias
o que eu espero geológico
pelo solstício de inverno

e descobri um prazer profundo
leve e tão profundo o meu prazer:
o de respirar com os pulmões grandes
como a sombra da copa de uma árvore

(o nevoeiro interno
é agora orvalhar verde
que floresce florestas)

não reconhço nem a deuses,
nem a astros, o direito à vida
mas tenho crescido ultimamente

por isso hoje posso escrever
o movimento
da terra que vai para debaixo da terra
ainda está longe

Sunday, November 05, 2006

depois dos batráquios

eu e o meu cansaço:
gosto de vir aqui água
ali barreira betão barragem

entre mim e os ribeiros são sonoros
para um vulto aquático:
um portanto batráquio

a água espelha as margens árvores
e eu recebo a dádiva do lugar:
um estilhaço de paz
longe das pessoas

(aqui não sinto medo
nem vontade de morrer)

estar muito em silêncio tempo
é dar autorização a que bichos
e árvores
se aproximem

atiro pedrinhas à água
e ela mostra-me circulos concêntricos
de geometria líquida

os batráquios correm grotescos
no fundo do lago extraterrestres
como homens de esponja orgânica

agora chegou uma pessoa
e quebrou a harmonia do lugar
odeio-a e gostava de a matar,
para reencontrar a paz

passado um tempo
o homem de ganga azul-rock afasta-se,
e eu fico outra vez com esta bacia hidrográfica
para poder pensar à vontade

estou ao pé
de uma mini queda de água
não é nenhum fenómeno notável
mas para mim está a ser estar importante,
aqui sentado com ela no tempo presente do indicativo

esta cascata é igual a um cão
na maneira como me faz companhia

tento refrescar a minha cabeça
tão lodamente de pensamentos eutróficos
cheia...

mas estou com pressa
e tenho que me ir embora




(nota: este texto foi escrito em sintra, um dia depois de ver os desenhos anfíbios do andré lemos)