Monday, November 13, 2006

movimento de subducção

no silêncio e sossego
do meu quarto
não tenho febre
e escrevo

um edredão de espirais verdes
uma caneta de escreve fluidos,
as minhas estas paredes
que eu pintei um dia
de artes plásticas

a amurada de livros protege-me
na cama-barco que navego sonhos

o ar tão quadrilátero e arrumado
as reticências da minha sonolência
os pensamentos de subducção,
os rochedos que recordo praias
o que eu espero geológico
pelo solstício de inverno

e descobri um prazer profundo
leve e tão profundo o meu prazer:
o de respirar com os pulmões grandes
como a sombra da copa de uma árvore

(o nevoeiro interno
é agora orvalhar verde
que floresce florestas)

não reconhço nem a deuses,
nem a astros, o direito à vida
mas tenho crescido ultimamente

por isso hoje posso escrever
o movimento
da terra que vai para debaixo da terra
ainda está longe